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 Como os pássaros, eu também migro. Estou migrando minha atividade artístico-literária e filosófica para o site: www.crisdanois.com Dê uma p...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

ALETHEIA


Houve um tempo em que as palavras eram mais que coisas
Eram gestos
Eram vozes
Eram acontecimentos...

Houve um tempo em que as palavras eram como carros
Que levavam os homens a todos os lugares
Aos lugares do mundo e aos lugares sagrados...

Houve um tempo em que as palavras eram mais
Muito mais que sentido manifesto
Mistério
Signo oculto a ser desvelado em miríades de possibilidades!

Houve um tempo em que a palavra era a verdade
A palavra do poeta
A palavra do profeta
A palavra grega do aedo.

TRANSFORMAÇÃO














"Nas noites que não durmo
Não dormem também o relógio
E toda a escuridão
Que espreitam e compassam a minha alma perdida."


Com lábios e voz hesitantes
e com palavras tímidas
luto e tento dizer
o que sinto nestas noites escuras em claro,
entre sonhos e pensamentos
todos misturados
escondidos em ângulos sombrios
e desejos que jamais serão
loucuras do meu ser...
nestas tristes noites
minha alma permanece suspensa como por um fio
tentando atravessar os portais da limitação
para inteira moldar-me a ti
de dentro para fora
num ato de renúncia e aceitação
como o ar que tu respiras.

No entanto, além de noite, chove e troveja
e a força da natureza
destroça a nuvem
e decreta o feroz apocalipse do meu ser.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

TEMPO INICIAL

A ampulheta é o início do fim
e de todos os dissabores
e de todos os suores
e de todos os humores
escorrendo com a areia
grão a grão
gota a gota
pouco a pouco.

A ampulheta iniciou o movimento
e com ele veio a velocidade
a pressa
a pontualidade
a medida do tempo em espaços...
e com ela veio o atraso
e com ele a tensão
e com ela o fracasso...

Atrás de todos os relógios e calendários
olhos exatos nos espreitam
olhos de ampulheta
munidos de uma foice
que sobe desce vai desliza
num zás
e desfaz as nossas tênues pegadas na areia.

Cristina Danois